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022/10/19
Sobre Quantos e Tantos Mais, Lúcia Neves em 16.10.22, no mluciadneves.blogs.sapo.pt
Caminho pelas veredas da vida
Só
Sem sombra de alguém
Que comigo queira
Cheirar as mesmas flores,
Gozar os mesmos raios de luz,
A luz cinzenta caída das nuvens,
A sombra frondosa dos carvalhos,
O frio da geada
Que nenhum sol derreteu.
Caminho pelas veredas da vida
Só.
Enquanto lanço perna atrás da perna,
Desfilam
Pelos meus sentidos
Ideias extravagantes
De sociedades onde há apenas pessoas,
Onde cada um tem “o necessário,
Estritamente o necessário”,
À maneira do urso Balu do Livro da Selva.
Uma sociedade
Onde cada um recebe o que precisa,
Dá o que tem.
Uma sociedade
Sem exploradores, nem explorados,
Onde as pessoas são o que são,
Não são o que têm.
Afinal os meus pés não tropeçam sós no caminho.
Na minha cabeça
Acompanha-me uma multidão de pessoas
Felizes
Que o meu pensamento criou.
Contudo uma pergunta
Me atormenta.
Será que não andarão por aí
Ideias a germinar
Semelhantes às minhas
Que com ele queiram fazer caminho?
Zé Onofre