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Dia de Hoje

Dia de Hoje

09
Mai22

Comentário 263

Zé Onofre

                263

 

022/05/09

 

Sobre A(mar) a vida., por Mafalda Santos, em 06/05/22, no blog mafaldasantos.blogs.sapo.pt

Deixar-me ir nas aragens,

Chegar ao azul,

Escapar deste chão que me prende

Não sei a quê,

Nem a quem,

Que somente me detém.

 

Como seria bom

Ver a vida lá do azul,

Onde o olhar se dilui,

Se confunde com o perto,

O muito longe,

Na nuvem passageira que o carrega.

 

Ver a vida com todo o olhar  

Distante dos sombrios dias,

Vê-la no seu âmago infinito,

Sem fim, nem princípio,

Vê-la como um contínuo,

Onde sou mero acidente.

  Zé Onofre

08
Mai22

Comentário 262

Zé Onofre

               262

 

022/05/08

 

Sobre  O CHÃO QUE PISO por Maria em 04.05.22, no blog silencios.blogs.sapo.pt,

 

 

 

Quantos pés

Abriram o caminho por onde me perco,

Por onde me procuro?

 

Quantos pés

Avermelharam este caminho

Que se enrola e desenrola por veredas

Subindo ao azul pedregoso dos altos,

Ou descendo às areias douradas

Onde o mar morre chorando.

 

Quantos pés

Guiaram os meus pés

Até este caminho que ora se esconde,

Ora se mostra ao sol do meio-dia,

Porém sem deixar adivinhar,

Para onde nos encaminha.

 

Quantas mais pegadas

Teremos nós de dar  

Até o levarmos ao seu destino?

Neste momento ando ás voltas

Neste caminho

Que parecia tão simples continuar.

 

Tão perdido, de tanto voltear, 

Não sei quem sou.

Não sei que chão piso.

Não sei quem me fez ser abatido.

Que vendaval de dúvidas me apanhou?

Só sei que estou aqui,

Não sei porquê e para quê.

  Zé Onofre

20
Fev22

dia de hoje 28

Zé Onofre

              28

 

022/02/19

 

Numa aldeia, daquelas do era uma vez,

Quando o imprevisto acontecia dizia-se

– A culpa foi do chão em xadrez.

 

Naquela aldeia entre montados,

Havia uma rapariga e um rapaz

Que desde a primária eram namorados.

 

A seguir, foi o tempo do liceu.

Separados, a coeducação era tabu,

O enleio entre os dois permaneceu.

Juntos foram para a mesma Universidade.

Uma fonte chora as lágrimas de Pedro e Inês

E na mesma cidade há o Penedo da Saudade.

 

No mesmo ano naturalmente

Acabaram, como esperado, o curso.

Celebraram-no entre famílias evidentemente.

 

Naquela aldeia, em tudo às outras igual,

Esperava-se, com curiosidade genuína,

Que aqueles dois dessem o nó final.

 

Como o tempo passava e nada acontecia,

Começaram as apostas cada vez mais altas

Ganhava quem acertasse no esperado dia.

 

Um dia, sempre na mesa do canto

Do único café, divergiram os olhares.

Quando se fixaram tinham cara de espanto.

 

Após tantos anos viram pela primeira vez

Que o chão do café, onde iam desde sempre,
Era feito de azulejos assentados em xadrez.

 

No adro da igreja, os vizinhos sentados,

Aspiravam o doce aroma das tílias,

Factos, de todos os dias, para eles tão inusitados.

 

Aperceberam-se, então, naquele momento

Que não conheciam o mundo. E a eles

Conhecer-se-iam? Não haveria casamento.

 

Um coro único varreu a aldeia de lés a lés.

Famílias, amigos, vizinhos, comadres diziam

– “A culpa foi do chão em xadrez.” 

Zé Onofre

21
Set21

Dia de Hoje 3

Zé Onofre

                      3

 

2021/09/21

 

A escuridão

Acontece-me

Sem mais, nem menos,

Sem aviso prévio.

 

Toma conta

De todos os interstícios

Desta minha

Cabeça desnorteada.

 

Cortina preta

Fecha as janelas da sala

Para que veja bem

O filme em que me meti.

 

Há um tipo

Aos tropeções

Em certezas

Incertas.

 

Há um tipo

Que cai de nariz

Onde

Não é claramente chamado.

 

Há um intruso

Que entra em vidas alheias

Que acena

Uma outra palavra

Para dar um certo ar

De boa educação.

 

Esta escuridão

Que me acontece

Sem mais, nem menos,

Sem aviso prévio,

Vem

Para me arrastar pelo chão,

Ou vem

Para desnudar o que sou?

  Zé Onofre

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