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Dia de Hoje

Dia de Hoje

12
Ago22

Comentário 293

Zé Onofre

 

                  293

 

022/08/12

 

Sobre Sussurros da Minha Alma, Fátima Ribeiro, 09, AGO, 22, em sussurrosdaminhaalma.blogs.sapo.pt

 

O que vejo no espelho?

A minha imagem.

A real?

A distorcida?

Um caminho para o país das maravilhas de Alice?

Um caminho plano sem horizontes e sem surpresas?

Ou vislumbro o meu caminho?

Com colinas, ribeiros, montes?

Com areais, ondas, fragas e marés?

Com quedas e ergueres, sem nunca desistir?

Que vejo no espelho?

O que sou?

O que desejaria ter sido?

Vejo apenas neblinas,

Mais ou menos densas,

Mais ou menos transparentes.

O que sou nunca verei.

  Zé Onofre

 

 

08
Ago22

Comentário 290

Zé Onofre

                    290 

 

022/08/08

 

Sobre O peso da vida, 05.08.22, Isabel Silva, imsilva.blogs.sapo.pt/

 

Comecei o caminho de pés descalços.

Depois de começada apenas terá fim na morte natural, ou mais cedo num qualquer fortuito acidente.

Mas farei o caminho.

Com ânimo ou desânimo.

Com alegrias, ou com tristezas.

Com passos lentos e seguros.

Com passos lentos e distraídos perdidos do mundo.

Com passo apressado, convencido que alcançarei mais cedo.

Em terreno livre de tropeços.

Em terrenos cheios de perigos escolhendo onde pôr os pés.

Em terrenos íngremes, difíceis de subir e perigosos de descer.

Mas chegarei ao fim da caminhada com uma só certeza.

Ou fiz o meu caminho,

Ou fiz o caminho que me traçaram.

   Zé Onofre

30
Abr22

Comentário 255

Zé Onofre

                     255

 

022/04/29

 

Sobre, O Equívoco de Se Ser, por Cuca Margoux, em 022/04/27, no blog aesquinadodesencontro.blogs.sapo.pt

 

Saberei eu quem sou?

Ou sou o que imagino ser?

Ou apenas serei uma imagem

Reflectida nos olhos de alguém?

 

Que imagem é aquela reflectida,

Que olho nos olhos da gente

Que apressada, ou lenta, passa

Por esta sombra vagabunda.

 

Serei a sombra fugidia nos olhos

Da gente que apressada vai sem destino,

Ou aquela sombra quase parada

Nos olhos de quem não tem para onde ir.

 

Conhecendo-me, ou desconhecendo-me,

Sei que caminho pela vida como sombra

De um eu que vive, sofre e interroga,

O caminho por onde passo a passo vou.

  Zé Onofre

23
Dez21

Dia de hoje -2

Zé Onofre

                -2

 

2021/08/15

 

Às vezes,

O único caminho que resta,

É o caminho dos astros.

Sermos ginastas

Subir pelas cordas

De Luar.

Até à lua

Não,

Fica logo ali à esquina.

Saltar de raio de luar

Em raio estelar,

De raio em raio,

Seguir lá para onde

O Universo não tem limite.

Ir

E não voltar.

Ir

Ficar misturado,

Pó de estrela,

Na poeira estelar.

       Zé Onofre

23
Out21

dia de hoje 10

Zé Onofre

                10

 

2021/10/22

 

Há um murmúrio de vento

Dentro de mim.

 

Há um murmúrio de vento

Correndo solto lá fora

Dentro de mim.

 

Há um murmúrio de vento

De folhas a dançar nas árvores lá fora

Dentro de mim.

 

Há um murmúrio de vento

De ramos a gemer lá fora

Dentro de mim.

 

Há um murmúrio de vento

De copas a conversar com copas lá fora

Dentro de mim.

 

Há um murmúrio de vento

Assobiando por entre troncos lá fora

Dentro de mim.

 

Há um murmúrio de vento

Cantando na floresta lá fora

Dentro de mim.

Este murmúrio de vento

Cantando na floresta lá fora

Assobiando por entre troncos lá fora

De copas a conversar com copas lá fora

De ramos a gemer lá fora

De folhas a dançar nas árvores lá fora

Correndo solto lá fora

Dentro de mim,

Virá de onde?

 

Penso, então, naquela árvore só

Perdida à beira do caminho,

Corroída pelos anos,

Tombada pelo vento,

Tostada pelo sol,

Coçada de cansaços

Que a ela se arrimaram.

 

Aquela árvore triste, só e perdida

Ali tão fora do seu lugar

Como foi ali parar?

Foi a floresta que o abandonou,

Ou foi trazida por algum gaio maluco,

Que sem razão alguma

Largou ali a semente de que nasceu.

 

Sinto que algo de comum nos une.

As suas folhas cantam ao vento,

Melodias tristes, doridas,

De uma alma perdida sem rumo.

Talvez saibamos que não pertencemos aqui

Que ambos sofremos de saudades

Da nossa floresta natal.

22
Set21

Dia de hoje 4

Zé Onofre

                 4

 

2021/09/22

 

Num tempo,

Que tinha todo o tempo

Que o tempo tinha,

Saltava

De Terra em Terra,

De polegar espetado ao vento,

À espera que um quatro rodas

Me levasse.

 

Nesse tempo,

Em que tinha

Todo o tempo

Que o tempo tinha,

Fui parar à praia de Matosinhos,

Onde esperava abrigo

Que não encontrei.

 

Como tinha

Todo o tempo

Que o tempo tem

Recomecei a viagem,

Dedo polegar

Espetado ao vento,

Para a casa paterna

Junto ao Monte de Stª Cruz,

Junto ao Tâmega.

 

Como tinha

Todo o tempo

Que o tempo tem,

E os quatro rodas

Não viam,

Ou desviavam os olhos,

Do polegar

Espetado ao vento,

Continuei noite dentro.

 

Passo atrás de passo,

Pé à frente,

Pé atrás

Ia.

 

O sol

No seu vagar de Verão

Não se pôs,

Foi-se pondo

Tinha, como eu,

Todo o tempo

Que o tempo tem.

 

A subir a serra de Valongo,

As estrelas,

Uma depois da outra,

Acendiam-se,

Fazendo ressaltar

O azul-escuro do céu

De horizonte a horizonte.

Como Todos

Tínhamos todo o tempo

Que o tempo tinha

Eu,

Sol,

Estrelas

Até a lua  

Numa marcha

Lenta e leitosa

Apareceu

Para iluminar

Os meus passos

Serra acima,

Serra abaixo

Até onde as pernas cansadas

Encontraram descanso

Num tronco do caminho.

 

Os olhos, esses,

Continuaram

A seguir o caminhar da lua,

Gozando

Todo o tempo

Que o tempo tem,

Até ao alvorecer.

   Zé Onofre

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