Dia de hoje 11
11
2021/10/27
No ponto mais alto,
Do monte mais alto
Da freguesia
Uma torre acastelada
Que servia de vigia.
Essa torre
Que ficava no monte mais alto
Tornava ainda mais alto
O cume mais alto
Da freguesia.
Nessa torre,
Que ficava no cume mais alto
Do monte mais alto
Da freguesia,
Vivia em solidão,
Noite e dia,
O Sentinela.
Numa noite de luar
Cansado da solidão
Desceu o moço sentinela
A semelhança de escadaria
Que do alto da torre vigiava o longe
Noite e dia.
Olhava as estrelas
Acompanhando com o alaúde
As suas canções de amigo
A que apenas o luar e solidão
Prestavam atenção.
Embalado na sua canção
Avança distraído.
Nem com o luar no seu esplendor,
Atentou num tronco caído
Que lhe passou uma rasteira
Que o deixou no chão sem sentidos,
Sem dar um suspiro de dor.
Apenas acorda com a aurora orvalhada.
Descobre a seu lado
Uma jovem ao sono abandonada,
Sob um manto de arbustos floridos
Sem dúvida feito à sua medida.
Agora,
No cimo da torre
Que fazia mais alto
O cume mais alto
Do monte mais alto
Da freguesia,
O jovem sentinela
E jovem que encontrara,
Naquela solidão tão lá no alto
Sob o manto dos arbustos floridos,
Beijavam-se candidamente
Zé Onofre
.