Comentário 285
285
022/07/27
Sobre A Manipulação Social, Gonçalo Carvalho, 022/07/06, metamorfosedaalma.blogs.sapo.pt
Somos seres frágeis sempre a enfraquecer,
Pelo mau uso do que há mais nobre.
A ciência, que nos deveria engrandecer.
A técnica USA-a para ficarmos mais pobres.
Dizem que vivemos a era da informação.
Informação inútil que sobrecarrega a cabeça.
Feita de maneira insidiosa que tolda a razão.
São vacuidades, embora o contrário pareça.
Com parangonas de “lana caprina”,
Ocultam a notícia verdadeira e relevante.
Com cara solene e séria notícia o que é rotina
Como se fosse acontecimento do instante.
Até os anos oitenta serem dobrados
O mundo movia-se muito mais lento.
Os acontecimentos já eram “passado”
Quando deles tomávamos conhecimento.
Essa lentidão não nos constrangia,
Nem, muito menos. era tempo perdido
Era precisamente a velocidade necessária
Para sem precipitações tomarmos partido.
Em conversa viva e divergente,
À volta de um café numa mesa, a fogueira
Daquelas cavernas de sadio ambiente,
É que desenhávamos a nossa bandeira.
Esse caminhar assim com lentidão
É que nos permitia usar a cabeça.
É a diferença entre ter uma nossa opinião
Ou usar a de alguém que é paga à peça.
Quentes pelo café, tomado àquela lareira,
As teorias germinavam como fungos.
Era terreno fértil, trabalhado com canseira,
Onde nasciam ideias para melhorar o mundo.
Nessa mesa lenta, palavra vai e vem
Formava-se fundamentada opinião.
Apesar da censura apertar bem,
Apesar de um único canal de televisão,
Tutelada pela ideologia Salazarista,
Adivinhávamos os cortes no noticiado.
Entrevíamos um mundo realista
Que deliberadamente nos era ocultado.
Tão mais real do que o que temos
Mostrado pelos incensadores do poder.
Têm uma cara de isenção, mas logo vemos
Que dizem o que lhes pagam para dizer.
Apresentam só o que para eles tem interesse
Num pacote de palavras bem buriladas.
Falam como se apenas a sua verdade fosse
Única e sem direito a ser questionada.
Se nos tempos escuros do Salazarismo
Quem discordasse da verdade oficial
Era comunista. Quantos, de que comunismo
Nada tinham, foram perseguidos como tal?
Hoje os vendedores da verdade oficial,
Embora não tendo poder para calar,
Com sevícias, aljubes e tribunal especial
Achincalham, insultam, sem pensar
Que já lá vai há muito o fascismo.
Que não é com ameaças e injúrias,
Que conseguem calar o genuíno
Pensamento livre sem amarras e tutorias.
Como traidores à Pátria todos chamados são.
Como se a Pátria fossem eles e quem
Como eles leva obediente o joelho ao chão
Ao Imperador que agora o trono tem.
O trono de um capitalismo Imperialista.
Para estes intrépidos esbirros sequazes,
Mais imperialistas que o patrão capitalista,
Qualquer um que tenha uma cabeça capaz
Que lhe dê uso, para o qual foi feita,
Olhe o mundo com olhos de o ver tal e qual,
Que aponte aos EUA a mais pequena maleita
É um fantoche ao serviço do império do mal.
Esses senhores com cabeça sem encéfalo,
Ou se o têm, de modo algum o querem usar.
São um perigo mais grave do que ser acéfalo.
Consciente e maldosamente fazem ecoar
A Verdade forjada nos salões e corredores
Do Pentágono, da CIA e da Casa Branca,
E dos que se pensam do mundo Senhores,
Para que tenhamos por olhos, uma tranca.
Servem-nos a vida através de um qualquer
Visor: televisão, computador, telemóvel.
Uma falsa vida a correr como o Capital quer.
De modo a que cérebro nos fique imóvel.
Querem o povo iludido sem pensar,
Que repita sem lei, sem roque, nem rei
A sua verdade, que é preciso divulgar
Para manter tonta e ignorante, a grei.
Para que na rede se repita aos milhões
A verdade fabricada nos gabinetes
Do Imperialismo que só cuida dos cifrões.
Capital em Washington e as outras sete.
Tem a OTAN, como suas legiões.
Tem a sua guarda Pretoriana
– A NSA, a CIA e outros serviços de espiões
Fardados ou vestidos à paisana.
Nas províncias, os cônsules são governos,
Fiéis aliados, nomeados em eleições,.
E os povos, esses ingénuos eternos,
Ainda acreditam eleger os seus guardiões.
Contudo não será eterna esta situação.
Sempre que o Capital com mais força aperta
Mais juntarão os explorados numa só mão
E um dia descobrirão como canta o Poeta
“[…]
Há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não."
Zé Onofre